sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Pneumonia


A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar causada por diversos microrganismos, incluindo bactérias, micobactérias, fungos e vírus. 

Podem ser classificadas em quatro tipos: 

  1. Pneumonia adquirida na comunidade (PAC);
  2. Pneumonia associada a cuidados de saúde (PACS);
  3. Pneumonia adquirida no hospital (PAH);
  4. Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV).
As subcategorias da PACS são a pneumonia no indivíduo imunocomprometido e a pneumonia por aspiração. Observa-se uma superposição no modo pelo qual as pneumonias específicas são classificadas, visto que elas podem ocorrer em diferentes ambientes. Os indivíduos com risco de pneumonia frequentemente apresentam distúrbios subjacentes crônicos, doença aguda grave, imunossupressão em consequência de doença ou medicamentos, imobilidade e outros fatores que interferem nos mecanismos protetores pulmonares normais. Os idosos são considerados um grupo vulnerável. 


Fisiopatologia

Pode ocorrer uma reação inflamatória nos alvéolos, produzindo exsudato que interfere na difusão de oxigênio e de dióxido de carbono, interferindo, assim, tanto na ventilação quanto na perfusão. Pode ocorrer, também, broncospasmo se o cliente tiver doença reativa das vias respiratórias. Pneumonia lobar é o termo empregado quando há comprometimento de uma parte substancial de um ou mais lobos. A broncopneumonia, o tipo mais comum, distribui-se de maneira focal e origina-se nos brônquios, estendendo-se para o parênquima pulmonar circundante adjacente. A pneumonia tem múltiplos fatores de risco, com base no tipo de pató- geno, incluindo pneumococos resistentes à penicilina e a fármacos, bactérias gram-negativas entéricas e Pseudomonas aeruginosa.


Manifestações clinicas

Os sinais e sintomas variam dependendo do tipo de agente etiológico e da ocorrência de doença subjacente. Com frequência, é difícil distinguir os sinais e sintomas clínicos de pneumonia viral daqueles de uma pneumonia bacteriana. 
  • Início súbito de calafrios e rápida elevação da febre (38,5°C a 40,5°C);
  • Dor torácica pleurítica, que é agravada pela respiração profunda e pela tosse;
  • No cliente gravemente doente, ocorrem taquipneia pronunciada (25 a 45 incursões/min), dispneia e uso dos músculos respiratórios acessórios;
  • Bradicardia relativa para o grau de febre, sugerindo infecção viral, infecção por micoplasma ou infecção por um microrganismo do gênero Legionella.
Outros sinais: 
  • Congestão nasal, faringite, cefaleia, febre baixa, dor pleurítica, mialgia, exantema e faringite; depois de alguns dias, ocorre expectoração de escarro mucoide ou mucopurulento;
  • Pneumonia grave: ruborização das bochechas; os lábios e os leitos ungueais demonstram cianose central;
  • Ortopneia (o cliente prefere ficar com a cabeceira do leito elevada ou sentado no leito, inclinado para a frente);
  • O cliente apresenta apetite diminuído, sudorese e fadiga;
  • Escarro purulento, ferruginoso, tinto de sangue, viscoso ou esverdeado, dependendo do agente etiológico;
  • Sinais e sintomas de pneumonia, dependendo da condição subjacente do cliente (p. ex., diferentes sinais ocorrem, possivelmente, em clientes com determinadas condições, como câncer, e naqueles submetidos a tratamento com agentes imunossupressores, que diminuem a resistência à infecção).
 
Avaliação e achados diagnósticos
  • Principalmente história, exame físico;
  • Radiografias de tórax, hemocultura e exame do escarro;
  • Aspiração nasotraqueal ou orotraqueal ou broncoscopia em clientes que não podem expectorar ou induzir uma amostra de escarro. 

Manejo clínico

São prescritos antibióticos com base nos resultados de cultura, antibiograma e diretrizes para a escolha dos antibióticos (devem-se considerar os padrões de resistência, prevalência dos microrganismos etiológicos, fatores de risco, cliente internado ou ambulatorial, custos e disponibilidades dos agentes antibióticos).
  • O tratamento de suporte consiste em hidratação, antipiréticos, medicamentos antitussígenos, anti-histamínicos ou descongestionantes nasais;
  • Recomenda-se o repouso no leito até que sejam evidenciados sinais de resolução do processo infeccioso;
  • Administra-se oxigenoterapia para a hipoxemia;
  • O suporte ventilatório inclui altas concentrações de oxigênio inspiratório, intubação endotraqueal e ventilação mecânica;
  • Tratamento do choque, da insuficiência respiratória ou do derrame pleural, se necessário;
  • Para grupos com alto risco de PAC, recomenda-se vacinação pneumocócica. 

PROCESSO DE ENFERMAGEM

Avaliação

  • Avaliar o cliente quanto à ocorrência de febre, calafrios, sudorese noturna, dor do tipo pleurítico, fadiga, taquipneia, uso dos músculos acessórios para a respiração, bradicardia ou bradicardia relativa, tosse e escarro purulento;
  • Monitorar o cliente: alterações na temperatura e no pulso; quantidade, odor e coloração das secreções; frequência e intensidade da tosse; grau de taquipneia ou falta de ar; alterações nos achados do exame físico (principalmente avaliados por inspeção e ausculta do tórax); e alterações nos achados das radiografias de tórax
  • Avaliar os clientes idosos quanto à ocorrência de comportamento incomum, alteração do estado mental, desidratação, fadiga excessiva e IC concomitante.

Diagnóstico de enfermagem

  • Troca gasosa prejudicada, relacionada com as secreções traqueobrônquicas copiosas;
  • Intolerância à atividade, relacionada com o comprometimento da função respiratória;
  • Risco de volume de líquidos deficiente relacionado com a febre e a frequência respiratória rápida;
  • Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais;
  • Conhecimento deficiente relacionado com o esquema de tratamento e as medidas de saúde de prevenção.

Intervenções de enfermagem

  • Incentivar a hidratação: consumo de líquidos (2 a 3 ℓ por dia) para liquefazer as secreções;
  • Fornecer ar umidificado com máscara facial para oxigenoterapia com alta umidade;
  • Incentivar o cliente a realizar tosse efetiva e posicioná-lo de modo correto para induzir a tosse;
  • Realizar fisioterapia respiratória; monitorar o cliente quanto a tosse e escarro após o término da fisioterapia;
  • Incentivar a respiração profunda com espirometria de incentivo;
  • Realizar aspiração nasotraqueal, se necessário;
  • Fornecer método apropriado de oxigenoterapia;
  • Monitorar a efetividade da oxigenoterapia com oximetria de pulso ou análise da gasometria arterial (GA);
  • Incentivar o cliente debilitado a repousar e a evitar esforços excessivos e possível exacerbação dos sintomas;
  • O cliente deve assumir uma posição confortável para promover o repouso e a respiração (p. ex., posição semi-Fowler) e deve mudar de posição com frequência, a fim de intensificar a drenagem das secreções e a ventilação e perfusão pulmonares;
  • Orientar os clientes ambulatoriais a não fazerem esforço excessivo e a engajarem-se apenas em atividades moderadas durante as fases iniciais do tratamento;
  • Incentivar o consumo de líquidos (pelo menos 2 ℓ por dia, no mínimo, com eletrólitos e calorias);
  • Administrar líquidos IV e nutrientes, se necessário;
  • Incentivar refeições pequenas e frequentes;
  • Orientar o cliente acerca da causa da pneumonia, tratamento dos sintomas, sinais e sintomas que devem ser notificados ao médico ou à enfermeira e necessidade de acompanhamento;
  • Explicar os tratamentos de maneira simples e utilizando uma linguagem apropriada; fornecer instruções e informações por escrito e apresentar formatos alternativos para clientes com perda da audição ou da visão;
  • Repetir as instruções e as explicações, se necessário.

Complicações potenciais
  • Persistência dos sintomas após o início do tratamento;
  • Sepse e choque séptico;
  • Insuficiência respiratória;
  • Atelectasia;
  • Derrame pleural;
  • Confusão mental. 

Referência Bibliográfica

Brunner and Suddarth’s textbook of medical-surgical nursing (13th ed.).